A
interiorização da violência, a redução de homicídios em Fortaleza e o aumento
no número de meninas assassinadas são destaques no relatório do primeiro
semestre de 2018 do Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na
Adolescência (CCPH).
De acordo
com o documento, houve redução de 15% no número de adolescentes mortos em
Fortaleza no primeiro semestre de 2018, embora em cidades menores tenha havido
um aumento de homicídios, com 10 municípios concentrando 70% dos assassinatos
no Estado.
Outro dado
preocupante diz respeito ao aumento no número de adolescentes assassinadas.
Pelo segundo ano consecutivo, esse tipo de homicídio cresceu mais de 400% em
Fortaleza, chegando a 41 mortes no primeiro semestre. No total, 514 adolescentes
foram assassinados no Ceará nos primeiros seis meses do ano.
Para o
relator do CCPH, deputado Renato Roseno (Psol), em 2018, a expansão da
violência para cidades menores levou gestores públicos e representantes da
sociedade de diversos municípios a procurar o Comitê em busca de saídas para
enfrentar essa escalada de homicídios que atinge cada vez mais pessoas com
menor idade. Segundo o parlamentar, o agravamento desse cenário ganha
características cruéis, com as meninas sendo alvo dessa violência letal.
“Diante de
um cenário que nos desafia, é preciso fortalecer nossas lutas pela vida da
juventude. Com esse propósito, professores, estudantes e sociedade deram corpo
ao Movimento Cada Vida Importa, do qual o Comitê participa ao lado de
pesquisadores e militantes da área da infância e juventude de mais de 20
entidades”, salienta o parlamentar.
Ainda para
ele, o movimento é organizado de forma independente e tem promovido seminários
e atividades para debater, dentro e fora dos muros das universidades, a
preservação da vida da juventude, especialmente negra e periférica.
O CCPH é um
colegiado que reúne a Assembleia, o Governo do Estado, Fundo das Nações Unidas
para a Infância (Unicef) e entidades da sociedade, e foi instalado em 2016, na
Casa. Naquele ano, foi desenvolvido um amplo trabalho de pesquisa dos
homicídios de adolescentes ocorridos em Fortaleza e mais seis cidades -
Juazeiro do Norte, Sobral, Maracanaú, Caucaia, Horizonte e Eusébio -, além da
mobilização e do diálogo com diversos setores da sociedade no sentido de
compreender as causas e reduzir o crescente índice de assassinatos de jovens e
adolescentes no Ceará.
O resultado
foram 12 recomendações de políticas públicas, elaboradas a partir da
identificação de 12 evidências de vulnerabilidades – para reduzir o número de
homicídios na adolescência no Estado do Ceará. As propostas do Comitê são
direcionadas às prefeituras municipais e Governo Estadual (e respectivas
secretarias), entidades de defesa da criança e do adolescente, sociedade, empresas
de comunicação, além de poderes Judiciário e Legislativo.
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