quarta-feira, 28 de março de 2018

CIRO GOMES CRITICA POLITIZAÇÃO DA JUSTIÇA BRASILEIRA


O pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) criticou nesta terça-feira (27) o que vê como uma entrada da Justiça brasileira na política. Para ele, é isso que acontece em momentos como a entrevista do juiz federal Sergio Moro ao programa Roda Viva, da TV Cultura, e na transmissão de julgamentos do Supremo Tribunal Federal, como a discussão sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Me incomoda, por definição, juiz dar entrevista. Sou da velha guarda. Um juiz, ao explicitar valores, ele entra na política. Este é o universo da política. O juiz deveria se circunscrever a colocar sua sabedoria jurídica e imparcialidade a serviço dos autos”, disse, em entrevista após uma palestra na Universidade de Sussex, no sul da Inglaterra.
Ciro disse que não chegou a assistir à entrevista de Moro, mas afirmou achar essa politização da Justiça “exótica”. “Uma TV Justiça transmitindo ao vivo um julgamento, isso é muito terceiro-mundista, muito provinciano para o meu gosto”, disse.

Para ele, um juiz tem que ter transparência não em entrevistas, mas nos autos. “Essa é a transparência que se espera. Se não, é o universo da política. E a política, por definição, é o contraditório. A verdade, na política, é uma confrontação dialética de posições antagônicas”, disse.

Para o pré-candidato, a viagem para dar palestras em universidades na Europa e nos Estados Unidos, para onde vai em abril, é importante não só por questão de prestígio. “Meu objetivo era tentar formar uma corrente de opinião”, disse.
Segundo ele, é importante gerar um debate amplo sobre o país, pois “a população não presta atenção em política”, disse.  “A população tem uma vida muito dura, difícil, e a política, para ela, é um ruído que quase sempre vem associado com coisa muito ruim, muito decepcionante, muito frustrante. Isso tem a ver com este momento do país”, disse.

Apesar da avaliação, o pré-candidato disse que ninguém é capaz de superar a vontade popular na escolha de seus governantes, e que o Brasil é um país de tendência autoritária. “Nós, brasileiros letrados, temos uma certa impaciência com a democracia. Ô Negócio chato, desagradável e sem alternativa. Democracia não é um regime de concessão em que iluminados, uma classe política, esse legado aristocrático, governam. Isso é antidemocrático. Democracia é regime de conquista, que presume um cidadão treinado para isso. Não somos treinados. Nosso povo não foi treinado. Nossa história história é uma história autoritária. Somos um país autoritário, elitista, escravista”, disse, durante a palestra.

Fonte: Folhapress

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